Apresentação

 

O TRANSFORMARE – Centro Franco-Brasileiro de Estudos Avançados sobre Organizações inovadoras sustentáveis, Inovação sustentável e Sustentabilidade (desenvolvimento sustentável) se originou dos debates realizados pelo grupo de pesquisas dirigido pelo prof. professor titular Yvon Pesqueux, no CNAM-Conservatoire Nacional d Arts et Métiers France (www.cnam.fr), com minha participação. Professor Yvon Pesqueux, um dos coordenadores do LIRSA, Laboratoire Interdisciplinaire de Recherche en Sciences de L’Action, promoveu discussões sobre o tema sustentabilidade e inovação e a importância destes temas em especial no Brasil, com participação de vários pesquisadores franceses. Eu, como pesquisadora associada ao LIRSA (www. Lirsa.cnam.fr) e Professora titular da FEI – Fundação Educacional Inaciana Padre Sabóia de Medeiros, São Paulo, SP, na época, e depois Professora doutora adjunta na FGV-EBAPE (Rio de Janeiro) – Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, participei destes debates, inclusive apresentando trabalhos na ADERSE – Association pour le Developpement de l Enseignement de la Responsabilité Sociale d Entreprise. (Associação para o Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa em Responsabilidade Social da Empresa), associação esta criada por professor Yvon Pesqueux e que reúne pesquisas sobre estes temas na França e na Europa.

Nestes anos, desde 2006, foram feitos vários seminários de pesquisa internacionais no Brasil e na França, do Transformare, sendo as escolas partipantes a FEI- Fundação Educacional Inaciana Pe. Saboia de Medeiros, Campus São Paulo, a Faculdade de Administração da UFRGN, a FGV- EBAPE Rio de Janeiro, a UNIMEP Escola de Administração em Piracicaba, o ISC Paris, Institut Superieur de Commerce, em Paris, a UNAMA em Belém, Pará, Brasil, o CNAM – Conservatoire National D Arts et Métiers, em Paris, França, a Université de Pau et des Pays de l’Adour, França, todas estas escolas, faculdades e universidades sediaram seminários de pesquisa do grupo TRANSFORMARE.

Dado o êxito da troca acadêmica e dos debates, foi publicado um livro. Foi publicado um livro decorrente destes seminários de pesquisa o livro “L enterprise Durable et le Changement Organisationnel: L’Organisation Innovatrice et Durable” Ed. EMS Management & Societé, Cormelles le Royal, France,2014, com pesquisadores de universidades francesas, brasileiras, inclusive de Tocantins (Universidade Federal) e da UNAMA em Belém e prefácio do Prof. Dr. Charles Heckscher, de Rutgers the New Jersey State University, e do Prof. Emérito da HEC Ecole des Hautes Etudes Commerciales, France, Dr. Georges Trepo.

Após dois anos de trabalho e várias publicações conjuntas, o grupo decidiu criar um centro de estudos franco brasileiro, que reunisse todos os pesquisadores que até então tivessem participado dos trabalhos conjuntos e assim, sob iniciativa de prof Yvon Pesqueux e sob minha iniciativa, com apoio institucional, na época, da FEI na pessoa de prof. Edmilson Alves de Moraes, da UNIMEP – prof. Antônio Carlos Giuliani e profa. Dalila Alves Correa, UNAMA- profa. Ana Vasconcelos, e pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (prof. Miguel Moreno Anez e Anatália Guimarães) e professores da FGV-EAESP (Mário Aquino Alves e Tales Andreassi), da FGV-EBAPE (Flávio Carvalho de Vasconcelos, Hélio Artur Reis Irigaray e eu mesma, constituíram-se os membros fundadores do centro de estudos do lado brasileiro.

O grupo do professor Yvon Pesqueux (CNAM França), representado por Richard Soparnot (Escem-Tours), Jean-Luc Moriceau (INT Paris), Eric Simon (ISC-Paris), e pesquisadores de outras instituições como prof. Jaussaud, da universidade de Pau et des Pays de L Adour, se interessaram em fazer parte do Centro de Estudos como membros fundadores.

Em julho de 2010 se realizou o encontro da IFSAM-international Federation of Schorlaly Associations of Management, organização presidida por prof. Yvon Pesqueux. Prof. Pesqueux e prof. Simon promoveram um congresso no Institut Superieur de Commerce de Paris do qual participaram vários pesquisadores brasileiros. Destes debates, formalizou-se a idéia do centro de estudos e em outubro de 2010 Isabella Vasconcelos e Richard Soparnot escreveram em reunião na FGV-EBAPE o primeiro documento formalizando a criação do centrode estudos com anuência dos pesquisadores supra-citados. O Centro de Estudos se tornou formal após o grupo de pesquisadores ter de fato efetuado vários seminários de pesquisas, debates, artigos e projetos conjuntos, fundado em trabalho de pesquisa consistente em conjunto.

Em março de 2011, com total apoio do Centro Universitário da FEI, situada na Rua Tamandaré, bairro Liberdade, São Paulo/SP, realizamos o primeiro seminário oficial do Centro de Estudos TRANSFORMARE na FEI, com apresentação de 33 artigos selecionados após rigorosa seleção, com participação de pesquisadores da PUC-SP, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UNISINOS, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, FEI, UNIMEP, FGV-EBAPE, USP, USP Ribeirão Preto, UNAMA, entre outras, com participação de prof. Yvon Pesqueux, CNAM France, Eric Simon (ISC – Paris), e participação de professores da FGV-EAESP, FGV-EBAPE.

Como resultado deste primeiro seminário oficial do grupo, foram organizadas publicações internacionais conjuntas, com uma edição especial da revista Management et Avenir (Qualis A1) dedicada ao encontro e com a organização de um forum de debates em conjunto com a RAE-Revista de Administração de Empresas de São Paulo da FGV-EAESP.

Foram efetuados dois seminários na sequência: Um organizado no dia 20 de março de 2012 no ISC-Institut Superieur de Commerce de Paris, França, tendo como dean o prof. Eric Simon, com pesquisadores brasileiros que foram à França, e outro organizado nos dias 18 e 19 de junho de 2012 na UNIMEP em Piracicaba, estado de São Paulo.

Ciente de nossos projetos, recebemos o apoio pessoal e o apoio acadêmico do prof. Georges Trepo, professor emérito da HEC-Ecole des Hautes Etudes Commerciales, que participa do centro de estudos e que é nosso pesquisador homenageado. Professor Georges Trepo desde 1993 acompanha o nosso trabalho, tendo sido meu orientador em meu doutorado na HEC/França (www.hec.fr). Prof. Charles Heckscher, de Rutgers the New Jersey State University, meu supervisor de pós-doutorado em Philadelphia, em 1998, também é nosso homenageado e apoia o centro de estudos, sobretudo com o seu trabalho sobre organizações pós-burocráticas, que também inspira o nosso trabalho.

2. Porque TRANSFORMARE? Conteúdo das pesquisas

O Centro de Estudos elegeu três conceitos: inovação sustentável, desenvolvimento sustentável e a proposição e crítica de um modelo do que seria uma organização inovadora sustentável.

Trabalhos que explorem interfaces entre Ética, Teoria Crítica, Sociologia, Antropologia, Teoria das Organizações, Cultura, Estratégia, Gestão Social e Ambiental, Filosofia e Gestão de pessoas e relações de trabalho, Estudos críticos (Habermas) e os temas Sustentabilidade, Inovação Sustentável e organizações são bem vindos em nosso centro de estudos.

Em especial, propomos estudos teóricos e práticos sobre estes temas, estudos brasileiros, franceses, e estudos comparados entre a realidade europeia nesta área e a brasileira. Como se trata de um centro de estudos internacional, estudos comparativos relativos a outros países como os U.S.A e outros países da América Latina, Ásia e África, são bem vindos também, apesar de nosso foco ser a Europa e o Brasil, em especial França e Brasil.
 Os pesquisadores do Centro participam na maior parte de organizações internacionais como Academy of Management, EGOs, entre outros organismos e logo trabalhos comparando diferentes realidades culturais e diferentes países são bem vindos.

Um dos conceitos com os quais o centro de estudos trabalha é o conceito de pesquisa aplicada. Desta forma, a partir da utilização de metodologias como a pesquisa ação, entre outras, pretendemos desenvolver conhecimento útil aproximando a academia da empresa através deste tipo de pesquisa.

Não abrimos mão, porém, do conteúdo analítico dos trabalhos a serem promovidos pelo centro de estudos.

TRANSFORMARE porque, de forma geral, quando estudamos inovação e a emergência de uma lógica voltada para o desenvolvimento sustentável da sociedade, falamos em mudança e transformação da sociedade e do modo de produção (Castells, 2000). Logo, um tema correlato de estudos é a mudança e os paradoxos organizacionais.

A fim de atribuir sentido e compreender os sistemas contraditórios e ambíguos nos quais estão inseridos, os indivíduos têm a tendência a polarizar suas percepções em torno de elementos opostos.(LEWIS, 2000). Conseqüentemente, começam a agir em função desta percepção polarizada, que corresponde à sua representação subjetiva da realidade.Os problemas organizacionais passam a ser descritos pelos indivíduos e grupos como variação de duas dimensões opostas que os confundem e incomodam, gerando dissonância cognitiva (FESTINGER, 1957)(BARTUNEK, 1988).

Em resumo, um paradoxo é representação da experiência, dos sentimentos, crenças e interações através de dois estados aparentemente inconsistentes, duas realidades opostas e aparentemente irreconciliáveis como “autonomia e conformidade”, “novo e velho”, “aprendizagem e mecanização do trabalho”, “liberdade e vigilância” (EISENHARDT, 2000). Como decorrência destas pesquisas, se considera que, de forma geral:

  • A organização é constituída por atores sociais, sendo considerada um sistema psicológico, político e histórico.
  • A organização apresenta convergências e divergências essenciais, frutos de uma dialética de evolução contínua, a ser gerida em permanência.
  • As referências teóricas são múltiplas (sociologia, economia, história, psicanálise, psicologia cognitiva, construtivismo, filosofia, etc.)
  • A postura metodológica é eclética, adotando entre outros, a análise crítica e discursiva, comparativa e histórica, pesquisa-ação
  • O meio-ambiente é socialmente construído
  • Observa-se a valorização da diversidade cultural e dos aspectos éticos da decisão.
  • A mudança é simultaneamente central e local.
  • As decisões são contingentes.
  • Mesmo que se compreenda que a mudança é uma realidade, se busca a estabilidade ainda que em um novo patamar, após a mudança, e para tanto se estuda o conceito de Resiliência. A estabilidade volta a ser um conceito ao qual se dá valor.
  • Estudos analíticos e críticos passam a ser valorizados dentro desta perspectiva, também para estudo da resiliência, nas ONGs, empresas, grupos sociais, e também a resiliência dos indivíduos.

O MODELO TRANSFORMACIONAL – O modelo transformacional trabalha com a gestão de aspectos contraditórios característicos da vida atual. Apesar da mudança e da inovação, sempre se busca a estabilidade, ainda que em um novo patamar mais evoluído, após a mudança.

O modelo transformacional, no entanto, afirma a ambivalência e a contradição interna, os aspectos psíquicos, a complexidade dos processos de socialização, fenômenos simbólicos e inconscientes.

O modelo transformacional ressalta a interdependência entre a sociedade e as organizações e o processo dialético de questionamento (debate de idéias) que constitui a evolução conjunta destes dois níveis, em uma interestruturação constante, baseada em interações contínuas, ainda que sempre se busque a estabilidade após a mudança e para tanto, o conceito de Resiliência volte a ser estudado com vigor, pois as ONGs, empresas, e grupos sociais tendem a dar valor à permanência de suas estruturas e arranjos sociais, logo , à estabilidade, evitando o que é incerto e procurando prever as mudanças e geri-las.

A gestão de pessoas e seu discurso são objeto de análise sócio-histórica bem como a evolução de seu discurso, que é sempre relativizado e colocado em perspectiva pelo modelo transformacional.

O modelo transformacional propõe a extensão da participação dos atores sociais no processo de decisão, tendo em vista que um maior número de indivíduos dotados de maior autonomia estão implicados na evolução dos campos social e organizacional, os quais estão interconectados. O respeito à ética democrática deriva assim do envolvimento coletivo no processo de debate dialético que caracteriza a mudança.

O modelo transformacional, no entanto, é ambicioso à medida que não assume uma posição conformista quanto ao “status quo”, recusando modelos totalitários de mudança. A contingência de cada situação é sempre relembrada, criando um modelo no qual a especificidade de cada forma de representação e de cada racionalidade é vista como correspondendo ao contexto estratégico, cultural e sócio-econômico no qual a organização está inserida.

Modelo Transformacional e Ética

Observa-se, nas proposições do modelo transformacional, uma mudança ética:
- A valorização de uma ética baseada na comunicação e na argumentação, na articulação de diferenças culturais e na elaboração coletiva de um projeto de empresa (Pesqueux, Ramanantsoa, Saudan & Tournand, 1999);(Sainsaulieu; 1991); (Heckscher, 1999); (Apel, 1994) (Habermas, 1992)

– A criação de “espaços organizacionais” protegidos ou “zonas de experimentação”, como universidades corporativas, treinamentos, onde se permita aos atores organizacionais ajustarem-se às transformações contínuas da organização e contribuírem de forma válida com o processo de mudança e onde o importante é a comunicação substantiva (Habermasiana). A proposta de Habermas e a busca da criação de espaços de comunicação nas empresas em uma lógica que vá além da ação estratégica e da negociação de interesses, e também que seja não manipuladora. Uma comunicação mais substantiva é válida neste contexto. A Teoria da Ação Comunicativa de Habermas é um tema de especial interesse para estes estudos.

Dentro destes referenciais encontra-se as propostas de pesquisa do Centro de Estudos TRANSFORMARE.
1. Eisenhardt, K. M. (2000) “Paradox, spirals, ambivalence: the new language of change and pluralism”, The Academy of Management Review, 25(4):703-706. 2. Eisenhardt, K.M. e Westcott, B. J. (1988). Paradoxical demands and the creation of excellence: The case of just-in-time manufacturing. In R.E. Quinn e K.S. Cameron (des) Paradox and transformation: Toward a theory of change in organization and management: 169-194. Cambridge, MA: Ballinger. 3. Bartunek, J.M. (1988) The dynamics of personal and organizational reframing. In R.E. Quinn e K. Cameron (eds) Paradox and transformation: Toward a theory of change in organization and management: 137-162. Cambridge, MA Balinger. 4. Festinger, L. (1957). A Theory of Cognitive Dissonance, New York, Prentice-Hall
,. Lewis, M.W. (2000) Exploring Paradox:Toward a more comprehensive guide, The Academy of Management Review, 25(4):760-776.
6. Pesqueux, Ramanantsoa, Saudan & Tournand, Mercure et Minerve, pour une Perspective Philosophique sur lês entreprises Ellipses, Paris, 1999 7. Sainsaulieu, R., Des Sociétés en Mouvement: La Ressource dês Institutions Intermediaires, Desclée de Brouwer, Paris, 2001 8. Apel,K. L Etique à l Age de la Science, PUL, Lille, 1987,pp.94 9. J.Habermas, Ethique de la discussion, Cerf, Paris 1992

Também os artigos que estão postados no site e os pesquisadores citados e que participam do grupo de estudos possuem publicações alinhadas com estas idéias e as aprovam.

Em link anexo colocaremos um artigo com a proposta inicial dos estudos do centro para download.

Em 2021, foi publicado o livro TEORIA GERAL DA ADMINISTRAÇÃO, de Vasconcelos, I.F.F.G e Motta, Fernando C P, Cengage Learning, versão atual do livro publicado em 2006, agora mais completo com quase 700 páginas, incluindo os temas Economia Digital, (baseado em Jean Tirole, prêmio nobel de economia), Sustentabilidade e Inovação, Paradoxos, Resiliência e Mudança, Teoria da Ação Comunicativa e Responsabilidade Social (Habermas), Pós-Burocracia (Heckscher) e Burocracia e crítica à burocracia (Weber) , atualiação de temas de estratégia empresarial incluindo a Teoria Baseada em Recursos (resource Based View, Barney, e um capítulo dedicado a Estudos Criticos Brasileiros , Modernidade e Modernidade Crítica (Habermas) e estudos Pós-Modernos.

EM 2022, abril, foi postado um artigo do congresso Paris 2022, elaborado por Elias Cury Houaiss, Mestre, FGV EBAPE, por Isabella F.G.Vasconcelos, Professora Dra. Adjunta FGV-EBAPE/Pesquisadora CNAM/France, pelo médico psiquiatra e psicanalista Prof. Dr. Frédéric Lefrere, Centre Hospitalier de Versailles, France, e por Almir Rogério Sousa, mestre, FGV, Ebape-Rio, artigo este sobre pensamento crítico e criativo e inovação.

Desejamos boa leitura e

Obrigada por seu interesse no TRANSFORMARE!

Para informações sobre o centro de estudos e pesquisa, Transformare, escrever para Profa. Dra. Isabella Francisca Freitas Gouveia de Vasconcelos, email: ivasconcelos@yahoo.com

Profa. DraIsabella Francisca Freitas Gouveia de Vasconcelos, Phd. na HEC/França e FGV-EAESP, professora adjunta na – FGV-EBAPE – Coordenadora do Centro Franco-Brasileiro de Estudos Avançados sobre Inovação, Organizações e Sustentabilidade, pesquisadora associada ao LIRSA- CNAM-France – Laboratório Interdisciplinar de Recherche en Sciences de L´Action, http://lirsa.cnam.fr/.

EMAIL PARA CONTATO: ivasconcelos@yahoo.com